O esquema de Metadados METS

 

O Esquema de Metadados METS: relevância, funções e relações com a atuação do bibliotecário

A era digital moderna é marcada pela intensa criação de documentos e produções científicas, gerando grandes quantidades de informação que correm o risco de não serem preservadas ou disponibilizadas adequadamente. Para enfrentar esse desafio, os repositórios digitais como o DSpace tornam-se essenciais ao armazenar, gerenciar, disseminar e garantir a preservação de longo prazo de materiais digitais.

O sucesso desses repositórios depende do uso eficaz de padrões de metadados e protocolos de interoperabilidade. Metadados são informações estruturadas que descrevem, localizam e explicam recursos informacionais, sendo fundamentais para descoberta, organização, autenticidade e preservação digital. Padrões como Dublin Core, METS e PREMIS, além do protocolo OAI-PMH, possibilitam interoperabilidade e ampliam a visibilidade dos acervos em escala global.

Relevância do METS nos Repositórios Digitais

O esquema METS (Metadata Encoding and Transmission Standard) tem papel central em bibliotecas e repositórios digitais, especialmente na preservação digital e no gerenciamento de objetos digitais complexos. Baseado em XML, o METS:

  1. Descreve Objetos Digitais Complexos
    Fornece estrutura padronizada para registro descritivo e organização de objetos digitais.

  2. Facilita o Gerenciamento e Intercâmbio
    Simplifica a troca de objetos digitais e metadados entre instituições e repositórios.

  3. Atende Exigências da Preservação Digital
    Funciona como Pacote de Informação OAIS (SIP, AIP e DIP), organizando metadados essenciais para preservação a longo prazo.

  4. Encapsula Diversos Tipos de Metadados
    Descritivos: pode incluir registros MARC, EAD ou Dublin Core.
    Administrativos: informa criação, armazenamento, direitos e proveniência.
    Estruturais: descreve relação entre partes do objeto, como volumes, páginas e artigos.

  5. Integra Padrões de Preservação
    Pode incorporar metadados PREMIS dentro da seção administrativa.

  6. É Suportado por Softwares como o DSpace
    Repositórios exportam coleções em METS, facilitando compartilhamento entre sistemas.

Estrutura do Documento METS

O METS é dividido em sete seções principais:
Cabeçalho (<metsHdr>)
Metadados Descritivos (<dmdSec>)
Metadados Administrativos (<amdSec>)
Seção de Arquivos (<fileSec>)
Mapa Estrutural (<structMap>)
Ligações Estruturais (<structLink>)
Comportamento (<behaviorSec>)

Essas seções permitem encapsular e estruturar todos os metadados necessários ao gerenciamento, preservação e intercâmbio do objeto digital.

Atuação do Bibliotecário no Contexto da Preservação Digital e Interoperabilidade

A implementação de repositórios digitais e padrões de metadados traz diversas relações importantes para o trabalho do bibliotecário:

1. Relação com Tecnologia e Informatização

O bibliotecário participa da escolha de softwares e tecnologias para gestão do acervo, considerando infraestrutura e necessidades institucionais. Também atua com padrões como ISO 2709, Z39.50 e MARC, essenciais para automação, padronização e interoperabilidade.

2. Relação com Profissionais de TI (Multidisciplinaridade)

A construção de repositórios exige comitês multidisciplinares, envolvendo bibliotecários, arquivistas, TI e administração. O bibliotecário orienta tecnicamente especialistas de informática para otimizar plataformas, garantindo preservação e organização adequadas.

3. Relação com a Comunidade e Outras Instituições

O bibliotecário trabalha para:
• atender necessidades dos usuários,
• promover acesso e inclusão digital (como no projeto Biblivre),
• fomentar cooperação entre instituições por meio de padrões como MARC e protocolos como OAI-PMH,
• permitir catalogação cooperativa e compartilhamento de registros.

4. Relação com a Preservação Digital

A preservação exige estratégias metodológicas, políticas transparentes, garantia de longevidade e documentação das ações. O bibliotecário atua na manutenção da autenticidade, confiabilidade, cadeia de custódia e enfrentamento da obsolescência tecnológica.

Vantagens para Biblioteconomia, Arquivologia e Unidades de Informação

A adoção de repositórios digitais e padrões de metadados traz vantagens como:

Gestão do Acervo

• otimização de serviços,
• maior controle das coleções,
• catalogação cooperativa,
• melhoria na recuperação da informação.

Preservação Digital

• preservação permanente,
• autenticidade e confiabilidade,
• documentação das ações (PREMIS),
• mitigação de obsolescência.

Interoperabilidade e Visibilidade

• aumento da visibilidade global,
• integração com redes como a BDTD,
• troca de metadados entre sistemas.

Vantagens Institucionais

• credibilidade científica,
• apoio à Ciência Aberta,
• baixo custo com software livre,
• fortalecimento do trabalho interdisciplinar.

Conclusão

O METS é uma solução robusta baseada em XML que encapsula metadados descritivos, administrativos e estruturais, possibilitando organização, preservação a longo prazo e interoperabilidade de objetos digitais complexos. Sua adoção é essencial para bibliotecas digitais, repositórios, cientistas da informação e para a atuação do bibliotecário na preservação e disseminação do patrimônio digital.


Fontes:

https://aberto.univem.edu.br/bitstream/handle/11077/286/An%E1lise%20e%20Implanta%E7%E3o%20de%20Reposit%F3rio%20Digital%20utilizando%20Software%20Livre%20DSpace.pdf?sequence=1


https://inde.gov.br/CatalogoMetadados


https://www.gov.br/conarq/pt-br/assuntos/camaras-tecnicas-setoriais-inativas/camara-tecnica-de-documentos-eletronicos-ctde/ctde_metadados_preservacao_digital_sayao.pdf


https://www.scielo.br/j/rdbci/a/vGFMKmfHBFcxYthcsPy4f7v/?lang=pt


https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/6651/2/Fabiana%20Bispo%20Santos%20Cruz.pdf


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GAVA, Tânia Barbosa Salles; FLORES, Daniel. Repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq) como plataforma de preservação digital em um ambiente de gestão arquivística. Informação & Informação, Londrina, v. 25, n. 2, p. 74-99, abr./jun. 2020.
DOI: 10.5433/1981-8920.2020v25n2p49.


WOLF, Alexandre Stürmer; MONTEIRO, Ana Paula Lisboa; VALMORBIDA, Willian. Implementation of the MTD2-BR metadata schema to DSpace tool seeking the interoperability with the “Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD)”. In: CONTECSI – International Conference on Information Systems and Technology Management, 8. p. 1397-1400.


NASCIMENTO, Tomaz do; SANTOS, Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa. Estudo de metadados: descrição dos padrões Dublin Core, EAD e METS. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, dez. 2012.


FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto; ALMEIDA, Maurício Barcellos; CRIPPA, Giulia; SOUSA, Rogério Aparecido. Modelo Brasileiro de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística de Documentos. Renato Franco Ascenção, v. 14, n. 2, p. 153–176, jul./dez. 2009.


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