Diplomática contemporânea
Diplomática contemporânea
Diplomática, tomada em seu conceito clássico, era a disciplina que tão somente se ocupava da estrutura formal dos atos escritos de origem jurídica, governamental e/ou notarial, tratando, portanto, dos documentos que, emanados das autoridades supremas, delegadas ou legitimadoras (como é o caso dos notários), eram (como continuam a ser) submetidos, para efeito de validade, uma sistematização, imposta pelo Direito, tornando-se, estes documentos, eivados de fé pública, sendo-lhes garantida a legitimidade de disposição e de obrigatoriedade de imposição e de utilização no meio sócio-político regido por aquele mesmo Direito. E para isso se utilizava também dos métodos da Paleografia e do Direito, para que melhor fosse possível chegar-se à autenticidade e confiança nesses documentos.
Na atualidade, porém, essa Diplomática ampliou-se. É agora a chamada “Diplomática contemporânea” (”Diplomática arquivística” para alguns), cuja metodologia é bastante concentrada no estudo dos tipos documentais e de toda sua vinculação orgânica de gênese, atuação e uso. E tornou-se aplicável a todos os documentos de arquivo, para além dos documentos governamentais e dos notariais. Além disso, essa nova Diplomática ampliada estuda não mais apenas, digamos o “interior” do documento isolado, a estrutura formal do discurso, sua autenticidade e fidedignidade, mas, identificando agora a sua espécie e tipo, sua inserção em seu conjunto orgânico (e o faz de maneira completa, compreendendo sua legitimidade dentro de seu contexto de produção) faz com que melhor se entenda o porquê e o seu para quê.
A Diplomática continua a debruçar-se sobre a confiabilidade e a autenticidade dos documentos de arquivo, porém agora o vê não mais isoladamente, mas sim vinculado ao seu meio genético. E, por isso, é fácil compreender que a Diplomática, tal qual a Arquivística, tem muito mais a ver com o Direito e com a Administração do que com a Biblioteconomia ou com a História. Com seu instrumental metodológico, a Diplomática permite a compreensão de que não é possível dissociar a diagramação e a construção material do documento do seu contexto jurídico-administrativo de gênese, produção e aplicação e uso. E só esse todo faz com que se compreenda a razão de ser do documento de arquivo.
Heloísa Liberalli Bellotto
BELLOTTO, Heloísa Liberalli.
Blog do II Congresso Brasileiro de Paleografia e Diplomática - CBPD. Rio de Janeiro, 19 a 21 de junho de 2013. <http://www.paleografia.arquivista.net/o-cbpd/diplomatica/> [Consultado em maio de 2013]
Textos para os Grupos de Pesquisa CNPq - UFSM (Coord. Prof. Dr. Daniel Flores):
GED/A - Gestão Eletrônica de Documentos Arquivísticos
e
Patrimônio Documental Arquivístico.
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