Ufal lança chatbot Mundaú para agilizar atendimentos virtuais
Ufal lança chatbot Mundaú para agilizar atendimentos virtuais
Ferramenta desenvolvida pelo Núcleo de Tecnologia da Informação usa IA para esclarecer dúvidas da comunidade universitária e público em geral
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal), por meio do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), lança um novo serviço para agilizar o acesso às informações da instituição. Trata-se do chatbot Mundaú, um assistente virtual que utiliza inteligência artificial generativa, desenvolvido por servidores do NTI, para esclarecer dúvidas em relação a normativos acadêmicos e aspectos administrativos da instituição.
Com o Mundaú, a Ufal dá mais um passo rumo à inovação digital, colocando a tecnologia a serviço da comunidade acadêmica. O projeto teve origem em 2022 e foi criado a partir da necessidade da comunidade acadêmica de ter acesso a informações de maneira mais precisa, diante do grande volume de procedimentos, normativos e da diversidade de serviços ofertados pela Ufal.
Em 2024, o NTI conseguiu implementar uma infraestrutura própria de IA generativa, a partir do uso de modelos abertos e sem o compartilhamento de dados em nuvem, para assegurar a privacidade dos dados institucionais. Desde então, os servidores Gean Santos e Lucas Lisboa lideraram o desenvolvimento de um chatbot voltado à classificação e à abertura de chamados relacionados aos serviços do NTI e que fosse capaz de atender inicialmente aos estudantes em suas demandas por informações institucionais.
“Nosso objetivo sempre foi facilitar o atendimento aos usuários e proporcionar acesso mais ágil e eficiente à informação. Com o Mundaú, queremos garantir que questões simples possam ser resolvidas com autonomia pelos próprios usuários”, explica Reinaldo Cabral, diretor do NTI.
Por que "Mundaú"?
A escolha do nome da ferramenta é uma homenagem à cultura local. Mundaú é uma palavra de origem indígena e, em Alagoas, está associada ao rio e à laguna de mesmo nome, importantes referências geográficas da região. “Além da ligação afetiva e regional, o nome é sonoro e distinto, o que ajuda na identidade do projeto”, afirmou Gean Santos, servidor da Ufal que colaborou no desenvolvimento do sistema.
Mas não foram apenas as questões regionais que motivaram a escolha do nome. Na contramão de um mercado cada vez mais em ascensão, a equipe de desenvolvimento escolheu colocar à disposição da comunidade universitária um assistente virtual que fugisse dos padrões de gênero feminino, reforçando a neutralidade do serviço. De acordo com o diretor do NTI, Reinaldo Cabral, a maioria dos serviços de assistência virtual contam com avatares mulheres, o que tende a reforçar o estereótipo da prestação de serviço ou cuidado com o outro, que historicamente sempre foram destinados às mulheres. “Deliberamos entre nós que o nosso serviço de assistência virtual não seria prestado por uma mulher. Por isso, optamos por usar um nome regionalizado, de fácil inserção pela comunidade e que remeta às nossas águas, uma das nossas maiores riquezas. Por isso também o avatar foge das características humanoides, apresentando traços lúdicos e interface amigável”, explicou Cabral.
A criação gráfica do Mundaú é de Daniel Aubert, desenhista de artes gráficas da Assessoria de Comunicação (Ascom), que ficou responsável por toda a concepção visual do chatbot, dando vida à ideia apresentada pelo NTI. O modelo final é resultado da utilização de diferentes técnicas. “Para criar o avatar, primeiro fiz alguns rascunhos desde a reunião de briefing; então, após aprovação da arte conceitual, parti para a criação do modelo 3D, desde o modelo em alta densidade até a retopologia para que fique mais leve; após texturização e criação de armadura para animação, o avatar já estava pronto para ser inserido em uma cena para renderização final”, explicou o servidor.
Para Daniel, participar do projeto foi algo relevante. “Fico muito feliz de ter participado desse projeto, pois tivemos a oportunidade de dar uma cara amigável ao novo assistente virtual da Ufal. E acredito que o Mundaú criará um novo espaço de comunicação com a própria comunidade acadêmica¨.
Impacto e futuro
A ferramenta tem potencial para ser útil a todos os setores da Ufal que necessitam de informações do NTI, incluindo estudantes e servidores. Entre os atendimentos que serão facilitados estão orientações sobre e-mail institucional, problemas com matrícula, acesso a sistemas como Sigaa, infraestrutura de rede, telefonia e manutenção de TI.
Embora não substitua o atendimento humano, o chatbot será um apoio importante para reduzir a carga de atendimentos simples, permitindo que a Ufal possa prover informações com mais agilidade e que a equipe do NTI se dedique a iniciativas estratégicas de desenvolvimento institucional.
Além disso, já há planos de expansão. A equipe pretende desenvolver agentes de IA para outros setores, priorizando os que tiverem maior impacto potencial na rotina da instituição. “Queremos oferecer uma ferramenta eficiente, segura e transparente. A proteção dos dados do usuário e o respeito à ética no uso da tecnologia são princípios centrais do projeto”, reforçou o diretor Reinaldo Cabral.
Como funciona o chatbot
Do ponto de vista técnico, o Mundaú é alimentado por uma base de conhecimento do próprio NTI, estruturada por técnicos de diferentes setores e armazenada no sistema de gestão de serviços. Parte das informações está organizada em formato de problema-solução; outra parte inclui documentos institucionais, como portarias, manuais e resoluções.
O sistema utiliza um modelo de linguagem com 24 bilhões de parâmetros e, embora não passe por treinamentos específicos, faz uso de engenharia de prompts e modelos de processamento de linguagem natural para interpretar e responder às perguntas dos usuários. A IA utilizada é do tipo generativa, com testes feitos por modelos das principais empresas do setor.
A ferramenta já é capaz de responder a perguntas relacionadas à base de conhecimento atual, mas a equipe trabalha na integração com outros sistemas institucionais, como o Sistema Integrado de Gestão (SIG), além de melhorias estruturais e prevenção de falhas ou “alucinações” da IA, nome dado às situações em que o modelo inventa informações inexistentes.
Testes e implantação
A complexidade do projeto implicou uma gama de testes. A Coordenadoria de Central de Atendimento, o Setor de Suporte ao Usuário e a Coordenadoria de Sistemas atuaram na execução de testes manuais, complementados por roteiros automatizados, que avaliaram a precisão, a relevância e a fidelidade das respostas. “Esses dois tipos de testes, humano e automatizado, são importantes para garantir a qualidade da ferramenta e prevenir que informações inconsistentes não sejam fornecidas à comunidade”, explicou Lucas Lisboa, servidor do NTI que também colaborou no desenvolvimento do sistema.
Um dos desafios enfrentados foi a infraestrutura inicial. Como não havia máquina com GPU disponível, os primeiros testes foram realizados em CPU, o que limitava a performance. Após ajustes, o chatbot passou a operar em um equipamento com GPU, melhorando o desempenho.
A infraestrutura de inteligência artificial generativa utilizada pelo projeto está sendo aperfeiçoada para ser aplicada a outros contextos. Futuras atualizações devem ampliar suas funcionalidades e integração com outros setores da universidade. Neste sentido, a avaliação do Mundaú por parte da comunidade acadêmica auxiliará no direcionamento do esforço para ajustar a tecnologia.
“Esperamos contar com o feedback da comunidade a partir do lançamento da ferramenta. Para isso, implementamos os botões de like e dislike para o usuário marcar se a resposta foi satisfatória ou não.”, complementou Lisboa.
Atenciosamente,
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui, por favor .....