Preservação Digital Sistêmica

 Preservação Digital Sistêmica: Garantindo o Futuro da Nossa Memória Digital

No mundo digital de hoje, onde a informação é produzida em massa e a tecnologia evolui rapidamente, a preservação de documentos digitais tornou-se um desafio complexo e urgente. Não basta apenas guardar arquivos; é preciso um método que garanta sua autenticidade e acessibilidade a longo prazo. É aqui que entra a Preservação Digital Sistêmica (PDS).

O que é Preservação Digital Sistêmica?

A PDS vai além da simples transferência de dados entre suportes. Ela é uma abordagem holística que visa integrar todos os ambientes envolvidos no ciclo de vida dos documentos digitais: a gestão, a preservação e o acesso/difusão. Seu objetivo central é manter uma cadeia de custódia arquivística digital ininterrupta, assegurando que a autenticidade dos documentos seja preservada a cada mudança de custódia ou suporte.

Este processo sistêmico é fundamental porque documentos digitais, ao contrário dos físicos, são vulneráveis à obsolescência tecnológica, à facilidade de adulteração e à fragilidade inerente aos objetos digitais.

Os Três Pilares da PDS: O Modelo OAIS

A Preservação Digital Sistêmica é frequentemente estruturada com base no Modelo de Referência Open Archival Information System (OAIS), uma norma internacional (ISO 14721:2012) que define as funções e interfaces de um repositório digital. Ele organiza a preservação em três ambientes principais:

1. Ambiente do Produtor (SIGAD): Aqui, os documentos digitais nascem e são gerenciados nas fases corrente e intermediária, preferencialmente por um Sistema Informatizado de Gestão Arquivística de Documentos (SIGAD). O SIGAD é responsável por criar o Pacote de Informação de Submissão (SIP).

2. Ambiente do Administrador (RDC-Arq): Documentos de valor permanente são transferidos para Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq), que garantem sua preservação a longo prazo. O RDC-Arq converte o SIP em um Pacote de Informação de Arquivamento (AIP), que contém o documento e todos os seus metadados de preservação. O Arquivo Nacional, por exemplo, implementou seu repositório digital usando o software Archivematica, que segue o modelo OAIS.

3. Ambiente do Consumidor (Plataforma de Acesso): Permite que usuários acessem e consultem os documentos preservados, recebendo-os como um Pacote de Informação de Disseminação (DIP). Plataformas como o ICA-AtoM são usadas para este fim.

A Importância da Cadeia de Custódia Ininterrupta

A PDS exige que a custódia legal e física dos documentos seja claramente documentada em todas as etapas de seu ciclo de vida. Cada intervenção e alteração deve ser registrada em metadados, assegurando que a autenticidade seja mantida, mesmo com as inevitáveis mudanças tecnológicas.

 PDS baseia-se em normas e diretrizes do Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) e do Arquivo Nacional, como as Diretrizes para Implementação de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq) e o modelo e-ARQ Brasil, que oferecem os parâmetros para a gestão e preservação. O aporte técnico dos arquivistas e a colaboração com a área de TI são cruciais para o sucesso de qualquer iniciativa de PDS.

A Preservação Digital Sistêmica é, portanto, um compromisso contínuo e integrado para salvaguardar o nosso patrimônio arquivístico digital, garantindo que as futuras gerações tenham acesso confiável à nossa história e aos seus direitos.

Fontes:

https://www.youtube.com/watch?v=yxVHlswdjWw

https://www.ccsa.ufpb.br/pesquisarquivistica/preservacao-digital-sistemica-2021-atual

https://arquivologia.ufes.br/sites/arquivologia.ufes.br/files/field/anexo/preservacao_digital_sistemica_-_sna_2024.pdf

https://www.gov.br/conarq/pt-br/legislacao-arquivistica/resolucoes-do-conarq/Diretrizes_certificacao_rdc_arq_2023_12_12.pdf

https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/servicos/gestao-de-documentos/orientacao-tecnica-1/recomendacoes-tecnicas-1/politica_presercacao_digital.pdf

https://www.unirio.br/arquivologia/arquivos/monografias/MONOGRAFIA%20-%20MARIO%20PENHA%20DOS%20SANTOS%20JUNIOR%20-%20ARQUIVOLOGIA.pdf